Eu Quero A Menina

Eu Quero A Menina (Ruy Penalva) Só não viu foi quem não quis O perdão tergiversar Quando aquele monstro feiticeiro Tomou conta do lugar Chegou, pediu, minto, exigiu A mais linda virgem pra levar A mais atraente A mais comovente A mais sempre a mais dentre as mais Pegou a menina Levou a menina Roubou a menina, sumiu Ninguém soube dela Ninguém mais revela Ninguém disse ao menos um piu! Já depois muito depois Bem no céu apareceu Um grande cometa Talvez um planeta Eu sei uma estrela nasceu Eu quero a menina Me tragam a menina Eu quero a menina porque No fim novela Só eu gosto dela Só eu vou poder desfazer Tamanho encanto Dum forte quebrando Que um dia pôs tudo a perder Um grande momento Meu contentamento De um dia casar com você

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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A Assunção de Maria e a Função Inferior

A Assunção de Maria e a Função Inferior

Jung, psicoterapeuta analítico suíço de quem já falei em outro post, achava que o símbolo da Trindade era uma símbolo incompleto. Segundo ele um símbolo completo era a Quaternidade, o número quatro. Os quatro pontos cardeais. Os quatro cantos do mundo. As quatro estações do ano. O quadrado. A quadratura do círculo etc. Para ele faltava alguém à Trindade e esse alguém era Maria ( Mariae Virginis) Mãe de Deus ou de Jesus se realmente consubstancialidade houver.
O Arianismo
Ário, sacerdote de Alexandria, afirmava que O Pai e O Filho não eram a mesma pessoa, que embora o Filho tivesse existido antes do tempo ele era apenas um Demiurgo (alguém intermediário na Criação), sendo subordinado ao Pai. Mas Constantino, no Concílio de Nicéia, propôs haver a homousia (consubstancialidade) entre Pai e Filho e acabar essa dicotomia. Três bispos recalcitrantes não concordaram e somente à força Teodósio impôs a fórmula Pai = Filho de Constantino. Ainda assim Maria não era reconhecida como Mãe de Deus. Havia a desconfiança da virgindade, do parto vaginal. O próprio Jesus respondendo a Tomé que lhe perguntou como reconhecer o Filho de Deus afirmara que no dia que Tomé encontrasse um homem que não fosse nascido de mulher esse homem era o Filho de Deus. E por que não disse: E você tá falando com quem seu tolo? Aliás, essa estória de homem não nascido de mulher me lembra Macbeth, as bruxas e a floresta de Dunsinane.
O Papa Sisto
No século V, época de construção de grandes igrejas, o papa Sisto, no Concílio de Éfeso, propôs que a igreja de Santa Maria de Maggiore fosse consagrada à Maria mãe de Jesus e que Maria mãe de Jesus fosse considerada Theotokos (mãe de Deus em Grego). Era um primeiro passo para levar Maria ao céu, mas um longo caminho ainda faltava até lá. Permanecia ainda a noção da Trindade.
Nestório
A discussão sobre a natureza dual de Pai e Filho retomou com Nestório patriarca de Constantinopla no século V, que reafirmava a dupla natureza de Cristo, divina e humana, tendo a humana encarnado e sofrido na Cruz, enquanto a divina nada sofrera. Perdia novamente Maria o posto de Theotokos (Mãe de Deus). Mas Nestório foi denunciado, deposto e depois exilado no Concílio de Éfeso e Maria retomava o posto provisório. Nesse intervalo muita água rolou, mas vamos aos finalmente.

Finalmente Maria Ascende ao Céu ao Lado do Pai, do Filho e do Espírito Santo

Somente, pasmem, em 1950, é que a Igreja reconheceu oficialmente Maria como Mãe de Deus e a elevou ao céu. Isso foi feito pelo Decreto Munificentissimus Deus, que segue abaixo. Maria agora era Mãe de Deus por Decreto e que ninguém ousasse contrariar.
"44. Pelo que, depois de termos dirigido a Deus repetidas súplicas, e de termos invocado a paz do Espírito de verdade, para glória de Deus onipotente que à virgem Maria concedeu a sua especial benevolência, para honra do seu Filho, Rei imortal dos séculos e triunfador do pecado e da morte, para aumento da glória da sua augusta mãe,
e para gozo e júbilo de toda a Igreja, com a autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados apóstolos s. Pedro e s. Paulo e com a nossa, pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que: a imaculada Mãe de Deus, a sempre virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta
em corpo e alma à glória celestial".

"45. Pelo que, se alguém, o que Deus não permita, ousar, voluntariamente, negar ou pôr em dúvida esta nossa definição, saiba que naufraga na fé divina e católica."

"46. Para que chegue ao conhecimento de toda a Igreja esta nossa definição da assunção corpórea da virgem Maria ao céu, queremos que se conservem esta carta para perpétua memória; mandamos também que, aos seus transuntos ou cópias, mesmo impressas, desde que sejam subscritas pela mão de algum notário público, e munidas
com o selo de alguma pessoa constituída em dignidade eclesiástica, se lhes dê o mesmo crédito que à presente, se fosse apresentada e mostrada."

"47. A ninguém, pois, seja lícito infringir esta nossa declaração, proclamação e definição, ou temerariamente opor-se-lhe e contrariá-la. Se alguém presumir intentá-lo, saiba que incorre na indignação de Deus onipotente e dos bem-aventurados apóstolos Pedro e Paulo."

Finalmente a Igreja Católica se rendia ao seu lado feminino, à sua função inferior que era o Sentimento, já que como Filho Cristo sempre foi o Logos, a Razão, e nunca o Sentimento. Com a Assunção (ascensão ao céu) de Maria estava formada a Quaternidade que Jung tanto defendia na psique humana. Aliás, Jung achava que a Igreja católica funcionava como um consultório analítico (proteção) e que havia mais protestantes em consultório de analistas do que católicos praticantes!!! Cristo muito contribuiu para a dificuldade de se reconhecer Maria como Mãe de Deus. Ele sempre desdenhou de pai, irmãos, família; dizia que tinha vindo ao mundo para dividir, para separar irmão de irmã, pai de mãe, marido de esposa, que tinha vindo para trazer o fogo e que gostaria que esse fogo (a palavra metaforicamente) se espalhasse.


LF, 22/05/2009.

Ruy Penalva

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