Eu Quero A Menina

Eu Quero A Menina (Ruy Penalva) Só não viu foi quem não quis O perdão tergiversar Quando aquele monstro feiticeiro Tomou conta do lugar Chegou, pediu, minto, exigiu A mais linda virgem pra levar A mais atraente A mais comovente A mais sempre a mais dentre as mais Pegou a menina Levou a menina Roubou a menina, sumiu Ninguém soube dela Ninguém mais revela Ninguém disse ao menos um piu! Já depois muito depois Bem no céu apareceu Um grande cometa Talvez um planeta Eu sei uma estrela nasceu Eu quero a menina Me tragam a menina Eu quero a menina porque No fim novela Só eu gosto dela Só eu vou poder desfazer Tamanho encanto Dum forte quebrando Que um dia pôs tudo a perder Um grande momento Meu contentamento De um dia casar com você

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sexta-feira, 25 de junho de 2010

Brasilianas (1977) " Estamos no céu"

Brasilianas ( Ruy Penalva, São Paulo, 1977)

Que o tempo aqui não tá bom
é tudo que posso dizer,
mas que não falta a vontade
de um novo mundo nascer.

A terra é grande, dá pra todos,
no entanto é essa “insolução”,
“sai monarca e entra milico”
e é a mesma corrupção.

O povo trabalha, não governa,
chora a predação do país;
rouba-se: desde o reles funcionário,
ao embaixador em Paris.

Aliás, até nisso,
somos um país impar,
o acusador vai pra cadeia,
o acusado fica supimpa!

Casos como o de Aracelli
a todo o momento ocorrem aqui,
compra-se toda a polícia,
é um verdadeiro Haiti.

O pai de Claudia Lessin diz
conhecer os traficantes da nação,
o Ministro da Justiça cala a boca,
será que está na relação?

Isto me fez recordar
Geisel e a sua embaixada,
que na Bolívia estiveram
para mais uma marmelada.

Ao Geisel foi apresentado
o Ministro da Marinha
do pobre país Bolívia
que tinha frota e mar não tinha.

Mas foi-lhe de pronto explicado
que no Brasil das injustiças
tínhamos um boneco fantasiado
de Ministro da Justiça!


E toda a visita transcorreu
da maneira mais engraçada,
o Presidente Geisel falava,
o Prefeito Banzer dava risada,
e nesse orgasmo coletivo
a Bolívia o gás entregava.

Fleury torturador assassino
já devia estar na prisão,
mas dizem que se for preso
delata muito “grandão”.

O coronel Erasmo Dias,
com apoio da contravenção,
vai para Câmara Federal
defender a moral da nação!

Maluf e Chagas se reuniram
e a vergonha nacional tremeu,
foi uma reunião tranqüila,
pois nem a polícia apareceu.

Grupo Lume, Grupo Atalla,
UEB e Lutfalla,
tudo com dinheiro do trabalhador,
o PIS PASEP financia
esse festival de horror.

A riqueza do país está nas mãos
de quem nunca viu a labuta,
a maioria vive mal, 30 milhões
sobremorrem na miséria absoluta.

Armaram uma ARENA falsa
pra dar apoio a esta lama,
convocaram corruptos e fascistas,
estava feita a nossa cama.

Em nome do lucro e da ordem
o americano tudo financiou,
treinaram torturadores
e nas nossas costas o pau cantou.



No Panamá ensinaram
nosso militar repetir:
“O inimigo é o comunismo
a quem devemos destruir.”

E de tanto repetirem a mesma coisa
esqueceram que a corrupção
destrói as estruturas
e enfraquece a nação.

Sai e entram Ministros
sempre com o mesmo jargão:
“Nossa meta prioritária
é combater a inflação.”
Zé Povinho é quem se lasca
e o culpado é o mamão.

Diz-se que o causador da inflação
é o trabalhador e o seu salário,
e que o pobre Salário Mínimo
tem efeito inflacionário!

Se bem que este problema
é controverso de Norte a Sul,
a inflação já foi de demanda,
foi de custos, foi do chuchu.

Já foi também importada,
causada pelo petróleo,
que apesar de andar congelado
ainda continua a queimar óleo.

Agora é problema político,
quase sem solução,
e os juros são conseqüência
não causa da inflação.

E a correção monetária
é o mal menor do país,
pois ela só atualiza
o pobre dinheiro infeliz.

E não falam do crédito gracioso,
que nada melhorou a produção,
tudo é jogado no open
onde cresce nem furação.

Pra eleger Figueiredo,
Geisel não consultou a nação,
que agüentou firme e forte
o ranço do alemão.

Dividiram as capitanias
do Oiapoque ao Chui,
com os Portela comandando
O Bordel do Piauí.

E Minas Gerais, que comandou a besteira,
teve como castigo
o Francelino Pereira,
um safado pela cara,
um aproveitador de carreira.

E São Vicente então,
o estado mais importante,
ganhou de governador
um famoso meliante,
ladrão sindicalizado,
safado pelo rompante.

E o povo desta terra,
de sabedoria singular,
disse: “Espere novembro,
que a gente vai acertar”,
e a porrada foi tão grande,
que fez o sistema abalar.

Vinte é menos que quinze,
tudo isso ocorre aqui,
desde que inventaram a lógica
do matemático Golbery,
o satânico Doutor Gô
da Dow Chemical e do Jarí.

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