O Destino
O destino pregou-me uma peça:
deu-me uma mãe e ma levou,
deu-me uma infância e cresci,
e, afinal, o que me sobrou?
Deu-me comida, já sem apetite,
mulheres, quando estava casado,
livros, quando só queria escrevê-los,
abundância, quando já estava enfadado.
Tirou-me Deus e deu-me Marx,
depois o trocou pela indiferença,
destruiu todos os meus ídolos,
e, sem eles, restou-me a descrença.
Tirou-me a magia do encontro,
a fantasia da elaboração,
o mágico da epifania,
a alegria da revelação.
Tirou-me o saco de ver amigos,
o gosto por um papo gostoso,
fez-me só e meus conflitos,
improdutivo, pouco proveitoso.
Mas o destino é sábio e de viés:
Quando fiquei mais intestino,
menos menino, mais ao revés,
deixei de crer-lhe ó Destino.
Ruy Penalva. Ssa. 14/03/2003.
quarta-feira, 30 de junho de 2010
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